Assista: Felipe Pastenes, CEO da Miela, comenta a expansão estratégica do iGaming no Brasil

Matthew Busuttil
Escrito por Matthew Busuttil
Traduzido por Thawanny de Carvalho Rodrigues

À medida que a América Latina se consolida como um polo estratégico para o setor de iGaming, o Brasil se destaca como um mercado ao mesmo tempo promissor e desafiador. Em uma entrevista exclusiva, Felipe Pastenes, CEO da Miela, compartilha sua visão estratégica sobre como navegar nesse cenário dinâmico — abordando escalabilidade operacional, regulamentações em evolução e o papel crucial do jogo responsável.

Segundo Pastenes, o mercado latino-americano — especialmente o brasileiro — apresenta uma dualidade particular: grandes volumes de tráfego combinados a um gasto médio por jogador significativamente mais baixo. Essa realidade, distinta dos mercados mais maduros da Europa ou América do Norte, exige uma mudança de foco operacional.

“É preciso aprender a automatizar o tráfego e gerenciar o alto volume de forma eficiente”, explica. “A estratégia não pode ser individualizada. É necessário adotar soluções automatizadas, escaláveis e que tragam retorno mensurável.”

Essa abordagem obriga os operadores a otimizar os mecanismos de aquisição e retenção de usuários, mantendo os custos sob controle mesmo em segmentos de menor retorno.

Transformação regulatória: a conformidade como motor de avanço

A posição cada vez mais clara do governo brasileiro em relação à regulamentação do iGaming representa tanto uma oportunidade quanto um desafio. Pastenes reconhece que o avanço regulatório é positivo para a legitimidade do setor, mas também adiciona camadas de complexidade operacional.

“A conformidade precisa evoluir, mas também é essencial demonstrarmos o valor econômico e social dessa indústria”, afirma. Para ele, regulações excessivamente rígidas podem inibir a inovação e afastar investidores estrangeiros, dificultando o crescimento.

O caminho ideal, segundo Pastenes, está no equilíbrio: “Mostrar o potencial do setor para gerar empregos, arrecadação fiscal e entretenimento responsável pode incentivar políticas regulatórias mais favoráveis.”

Felipe Pastenes, CEO da Miela

Jogo responsável como alicerce de sustentabilidade

Para Pastenes, o jogo responsável não é uma limitação, mas sim um pilar essencial para o crescimento sustentável. “O jogo deve ser visto como uma forma de entretenimento, voltado para adultos com renda disponível”, destaca.

Ele enfatiza a importância da segmentação clara nas campanhas publicitárias e do direcionamento rigoroso ao público-alvo. “A receita de curto prazo pode até cair, mas a sustentabilidade e a confiança na marca crescem no longo prazo. Esse é o preço a se pagar para construir uma indústria madura e com credibilidade.”

O valor insubstituível das parcerias locais

Com a concorrência acirrada e as preferências do usuário cada vez mais diversas, o conhecimento local se torna indispensável. Para Pastenes, que atua diretamente no mercado, as parcerias com players locais são fundamentais.

“Quando o capital estrangeiro entra no Brasil, ele precisa de alguém que compreenda as nuances da região”, afirma. “Cada país da América Latina opera de forma diferente. O que funciona em um, pode fracassar em outro.”

Mais do que alinhamento estratégico, essas parcerias também contribuem para a geração de empregos e estímulo à economia, fortalecendo ainda mais a importância da integração local do setor.

Por dentro da evolução do iGaming no Brasil

Felipe Pastenes oferece uma análise pragmática, mas otimista, sobre os caminhos do iGaming no Brasil. Sua mensagem é clara: para ter sucesso neste mercado, é preciso apostar na automação, defender uma regulamentação equilibrada, promover práticas responsáveis e contar com o conhecimento de quem vive a realidade local. O percurso é desafiador, mas viável para quem estiver preparado com a estratégia certa.