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Na última quarta-feira, 21 de maio, a deflagrou duas operações simultâneas — “Shadow Influence” e “Cassino Royale” — com o objetivo de desmantelar um esquema complexo de lavagem de dinheiro que utilizava cassinos online e influenciadores digitais como fachada. A operação ocorreu em quatro estados brasileiros: Rio Grande do Norte, São Paulo, Pernambuco e Maranhão, resultando no cumprimento de 15 mandados de busca e apreensão e no bloqueio de aproximadamente R$ 40 milhões em bens e valores relacionados às organizações criminosas.
A operação “Shadow Influence” teve como foco influenciadores digitais dos municípios de Natal, Parnamirim, Canguaretama e Macau, no Rio Grande do Norte. Essas pessoas atuavam como intermediários financeiros, promovendo jogos ilegais em redes sociais com promessas de lucros extraordinários. Segundo o delegado Bruno Victor, da Delegacia Especializada na Repressão à Lavagem de Dinheiro (DRLD), os influenciadores não só lucravam com a divulgação, como também com as perdas dos usuários, enganados por versões de teste dos jogos utilizados por quem divulgava.
Entre as táticas utilizadas, estavam vídeos com slogans que comparavam ganhos de apostas irreais a salários de trabalhadores formais de carteira assinada. Essas campanhas miravam pessoas vulneráveis financeiramente, explorando a esperança de uma melhora rápida de vida.
Já a operação “Cassino Royale” concentrou-se em empresários e operadores de plataformas de apostas e cassinos online, atingindo a estrutura central de um esquema de lavagem de dinheiro. Esses empresários movimentavam grandes volumes de dinheiro com aparência de legalidade, utilizando criptomoedas, bens de luxo e publicidade, tudo isso em uma estrutura muito bem-feita de lavagem bilionária.
Durante as operações, os agentes apreenderam cerca de R$ 30 mil em espécie, 12 veículos de luxo — incluindo modelos da Mercedes-Benz e Toyota Hilux —, uma motocicleta, relógios de grife, joias, ouro, equipamentos eletrônicos, moedas estrangeiras e criptoativos avaliados em R$ 68 mil. Além de tudo isso, foram confiscados computadores, celulares, documentos e materiais de divulgação de jogos de azar.
Durante as apreensões, foram encontradas anotações com estratégias de promoção nas redes sociais, metas de seguidores e até horários de treinos físicos, sugerindo uma rotina planejada de influência digital ligada aos esquemas.
O nome da operação “Shadow Influence” — que pode ser traduzido como “influência sombria” — remete à atuação oculta e estratégica de influenciadores, que, segundo a polícia, atraíam seguidores com promessas de lucro fácil através de apostas como o “jogo do tigrinho”, prática comum em plataformas ilegais.
O “Jogo do Tigrinho”, oficialmente conhecido como “Fortune Tiger”, é um jogo de apostas e cassino online caracterizado como jogo de azar, desenvolvido pela empresa maltesa PG Soft. O sistema é hospedado fora do Brasil e a organização que desenvolveu o jogo não possui registro no país. Apesar de sua popularidade, o jogo é ilegal no Brasil, principalmente depois da nova regulamentação, que foi quando a proibição ficou clara, e sua promoção por influenciadores tem sido alvo de investigações e prisões.
O promotor Augusto Lima, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), reforçou que jogos como roletas, cassinos virtuais e o “jogo do tigrinho” continuam proibidos no Brasil. Segundo ele, mesmo que não haja fraude, operar esse tipo de plataforma já configura ilegalidade — e a origem dos recursos movimentados por essas atividades pode estar associada a práticas de lavagem de dinheiro. Lima pontuou que apenas apostas de quota fixa em sites com domínio “bet.br” são autorizadas no país.
As operações contaram com o apoio de diversos órgãos, como o Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (LAB-LD), o GAECO, a Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado (DEICOR), e as polícias civis dos quatro estados envolvidos. A Polícia Civil destacou que a integração entre órgãos e o rastreamento financeiro detalhado foram fundamentais para o sucesso das operações.
As investigações seguem em andamento, e novas informações sobre os desdobramentos do caso devem ser divulgadas nos próximos dias. A expectativa é que outras pessoas envolvidas no esquema sejam identificadas e responsabilizadas.