Quase 95% dos brasileiros apostam menos de R$ 100 em sites de bets, segundo Pay4Fun

Júlia Moura
Escrito por Júlia Moura

Um levantamento recente da Pay4Fun, empresa especializada em soluções de pagamento para o mercado de apostas online, nos mostra um dado interessante sobre o comportamento dos apostadores brasileiros no início de 2025. Entre janeiro e fevereiro, 94,3% dos depósitos feitos por usuários brasileiros em sites de apostas foram de valores inferiores a R$ 100. 

O número mostra que, apesar do crescimento do setor e da popularização das apostas esportivas no Brasil, a maior parte dos jogadores ainda tem cautela na hora de apostar, preferindo valores baixos ao invés de arriscar grandes quantias. Ainda de acordo com os dados da Pay4Fun, apenas 1,4% dos depósitos superaram os R$ 1.000, e menos de 0,3% ultrapassaram os R$ 2.500. 

A regulamentação e seus efeitos 

Desde a aprovação da Lei nº 14.790/2023, que trata da regulamentação das apostas esportivas no Brasil, o mercado passou a operar com regras mais claras, exigindo licenciamento, conformidade fiscal e padrões de segurança dos operadores. Com isso, empresas que atuam no setor vêm se adaptando e, consequentemente, oferecendo um ambiente mais confiável para os apostadores. 

A expectativa é de que, com o tempo, conforme o público vai ganhando mais confiança nas plataformas e na regulação, os valores depositados aumentem gradativamente — como ocorreu em mercados como Portugal, Colômbia e Reino Unido após a implementação de suas regulamentações. 

Pix domina as transações 

Outro dado curioso divulgado pela Pay4Fun ainda no início do ano ajuda a entender melhor o perfil dos apostadores no Brasil: em 2024, cerca de 97% das transações financeiras para apostas online foram realizadas via Pix, sistema de pagamento instantâneo criado pelo . 

A praticidade, a rapidez e a gratuidade do Pix são os principais motivos para ser o meio de pagamento preferido no universo das apostas. Segundo especialistas, o Pix se encaixou perfeitamente na lógica das plataformas de iGaming, que exigem agilidade para depósitos e saques. Além disso, o uso do sistema também tem ajudado a reduzir tentativas de fraudes ou lavagem de dinheiro, já que todas as transações ficam registradas de forma identificável. 

Perfil do apostador brasileiro 

Com base nos dados revelados e em análises de mercado, é possível traçar um perfil do apostador brasileiro: em sua maioria homens entre 18 e 35 anos, que apostam de forma esporádica, usando valores baixos — muitas vezes entre R$ 20 e R$ 50 — e preferem eventos esportivos como futebol, principalmente jogos nacionais e da Europa. 

Segundo uma pesquisa da , o acesso facilitado às apostas por meio dos telefones móveis também tem incentivado uma nova geração de jogadores. A possibilidade de realizar microapostas, como prever o próximo escanteio ou quem fará o próximo gol, contribui para que as apostas de baixo valor se tornem mais comuns, principalmente entre os mais jovens. 

Tendência de crescimento com responsabilidade 

Apesar do uso de pequenos valores ser predominante, o crescimento do número de apostadores no Brasil preocupa os especialistas em saúde pública e psicólogos. O avanço do setor exige que as empresas e o governo invistam em campanhas de conscientização sobre o jogo responsável e criem mecanismos para prevenir o vício e o endividamento. 

O Ministério da Fazenda, por exemplo, prevê ações de fiscalização mais intensas a partir da regulamentação definitiva do setor e da concessão das licenças às operadoras. Já as plataformas regulamentadas vêm adotando medidas de controle, como limites de depósito, autoexclusão e alertas para padrões de comportamento considerados de risco.