Grandes players debatem os desafios da regulamentação das apostas e o futuro do setor no Brasil

Júlia Moura
Escrito por Júlia Moura

O SBC Summit Rio reuniu especialistas do setor de apostas para debater os desafios da transição para um mercado regulado no Brasil. O painel contou com a participação de Rafael Marchetti Marcondes, Chief Legal Officer do Rei do Pitaco, Marcos Sabiá, CEO da Galera.Bet, e Murilo Lima, LATAM Partnerships Director da OneFootball. Entre os principais temas discutidos estavam a migração de operadores para a regulamentação oficial, os impactos das novas regras sobre os jogadores e as estratégias para mitigar a concorrência de plataformas ilegais. Todos os temas abordados neste artigo são comentários dos palestrantes durante o painel e suas opiniões. 

O desafio da migração para o mercado regulamentado 

A transição de operadores do mercado offshore para o ambiente regulado se mostrou ser um pouco desafiador. Empresas de fantasy sports, por exemplo, precisam se adaptar a um novo modelo de apostas esportivas, lidando com exigências regulatórias e aprimorando a comunicação com os clientes para garantir uma transição mais suave. 

A dinâmica de acesso dos jogadores também sofreu mudanças importantes, com a implementação de processos mais rigorosos de verificação, como reconhecimento facial e envio de documentos, semelhantes aos exigidos por instituições bancárias. Essa nova realidade impacta diretamente a experiência do usuário e desafia os operadores a criarem processos mais eficientes e menos burocráticos. 

Rafael Marchetti Marcondes durante painel no SBC Summit Rio.

O impacto da publicidade e das restrições aos bônus 

A regulamentação trouxe grandes impactos na publicidade e na promoção de bônus, elementos essenciais para a aquisição e retenção de jogadores. Com a proibição dos bônus promocionais, os operadores precisaram buscar novas estratégias para atrair clientes, investindo mais em odds diferenciadas e apostas combinadas. 

O mercado também enfrentou um período difícil no início de 2025, levando a uma queda nos investimentos publicitários, especialmente por parte de empresas mais conservadoras. Com a regularização mais estabelecida, houve um reaquecimento das campanhas e um retorno gradual da confiança dos anunciantes. 

Concorrência com o mercado ilegal 

Um dos pontos mais críticos levantados foi a concorrência desleal com operadores não regulamentados. A falta de fiscalização efetiva permitiu que muitos sites ilegais continuassem operando, muitas vezes espelhando domínios para burlar os bloqueios. Dados apontam que aproximadamente 40% do mercado ainda opera de forma clandestina, prejudicando a arrecadação de impostos e a segurança dos jogadores. 

Foram discutidas medidas mais rigorosas para coibir essas práticas, como o bloqueio de pagamentos via Banco Central e uma fiscalização mais eficiente dos fluxos financeiros. A adoção de tecnologias de monitoramento para identificar transações suspeitas em estabelecimentos fictícios foi apontada pelos palestrantes como uma possível solução para identificar os cassinos ilegais. 

Murilo Lima durante painel no SBC Summit Rio.

O papel das lojas de aplicativos na regulação 

Uma sugestão foi condicionar a presença de aplicativos de apostas nas lojas digitais à comprovação de licença. Como a tendência global aponta para um aumento da preferência por apostas via aplicativos, restringir o acesso a operadores regulamentados poderia reduzir significativamente a presença de empresas ilegais. 

Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 90% dos jogadores utilizam apps para apostar, e replicar esse modelo no Brasil poderia ser eficiente para consolidar o mercado regulado sem a necessidade de grandes investimentos em fiscalização digital. 

Combate à ludopatia e regulamentação do mercado de apostas no Brasil 

O combate à ludopatia no Brasil precisa ir além de medidas superficiais. A falta de controle sobre o acesso de menores às apostas é um problema crítico, e é fundamental que haja uma unificação do setor para abordar questões essenciais como a imagem do mercado frente à opinião pública, a legalização e a agenda tributária. Caso contrário, o Brasil pode enfrentar uma debandada de operadores, tornando o mercado inviável. 

Mudanças no comportamento do consumidor 

As restrições sobre bônus e incentivos já começam a impactar o comportamento dos apostadores. Antes, havia uma migração constante entre casas de apostas em busca de melhores ofertas, mas a tendência é que os consumidores busquem plataformas que ofereçam produtos diferenciados e um ambiente mais confiável. 

Com o tempo, os apostadores tenderão a valorizar mais as condições de jogo, como odds especiais e ofertas estratégicas, em vez de apenas bônus de cadastro. Isso poderá levar a uma maior fidelização dos clientes a casas de apostas mais bem estruturadas. 

Marcos Sabiá durante painel no SBC Summit Rio.

Unidade do setor e regulação 

Os palestrantes comentaram que, para que o setor de apostas no Brasil se fortaleça, é essencial um discurso unificado. A interação com órgãos reguladores precisa ser construtiva, buscando equilíbrio entre exigências legais e a viabilidade do mercado. A regulamentação do mercado de apostas no Brasil deve ser uma construção coletiva, que envolve empresas, governo e sociedade civil. Pequenas medidas, quando implementadas em conjunto, podem garantir um setor mais sólido, seguro e rentável para todos os envolvidos. 

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