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Justiça manda bet365 devolver valor retirado de aposta após mudar cotação por conta própria

Júlia Moura
Escrito por Júlia Moura

Uma simples aposta causou uma confusão para um apostador brasileiro depois que a plataforma bet365 — uma das maiores casas de apostas esportivas do mundo — decidiu alterar o valor da premiação depois que o jogo já tinha acabado. O caso foi parar na Justiça, e a empresa acabou condenada a devolver R$ 774 ao cliente, por decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).

Tudo começou com um palpite durante um jogo de baseball entre New York Mets e Toronto Blue Jays. O apostador arriscou R$ 1.460 prevendo que o segundo inning teria ao menos uma corrida — algo simples, já que ele apostou que haveria mais de 0,5 ponto. A cotação no momento da aposta era de 1,69, e ele acertou. Resultado: a plataforma pagou R$ 2.467,40 na conta do cliente.

Mas o que parecia um lucro garantido virou frustração quando a empresa simplesmente descontou R$ 774 do valor já pago. Segundo a bet365, houve um “erro óbvio” na cotação, que teria sido identificado depois da aposta ser encerrada. Na prática, a empresa alegou que o sistema mostrou uma odd (cotação) mais alta do que deveria e que o apostador teria percebido isso e se aproveitado.

A justificativa não colou. A Justiça avaliou o caso e concluiu que a plataforma agiu de forma abusiva ao alterar o resultado após o término do evento esportivo. A juíza responsável afirmou que o consumidor tem o direito de confiar nas informações apresentadas no momento da aposta, e que qualquer erro deveria ter sido corrigido antes da conclusão da jogada.

A empresa, que representa oficialmente a marca bet365 no Brasil por meio da HS do Brasil Ltda., não conseguiu comprovar que houve de fato um erro no sistema, nem que a cotação foi ajustada antes do fim da partida. Por isso, foi condenada a devolver exatamente os R$ 774 que haviam sido retirados da conta do apostador.

O cliente também pediu uma indenização por danos morais no valor de R$ 10 mil, alegando que teve prejuízo emocional e se sentiu enganado. Mas esse pedido foi negado. A Justiça entendeu que a situação causou, sim, incômodo, mas não foi grave o suficiente para gerar indenização por danos morais.

No fim das contas, o consumidor tinha o direito de receber a quantia integral da aposta vencedora, sem descontos posteriores. A empresa ainda pode recorrer, mas o caso já serve de exemplo para outros apostadores que podem enfrentar problemas parecidos com casas de apostas online.

Apostas online em alta — e com mais problemas

O número de brasileiros apostando em esportes pela internet cresceu muito nos últimos anos. Com a regulamentação das apostas de quota fixa no país, o setor passou a ter regras mais claras, mas ainda enfrenta muitos desafios — principalmente quando o assunto é a proteção do consumidor.

Casos como esse mostram que nem sempre as plataformas cumprem o que prometem. A prática de alterar resultados ou justificar falhas técnicas como “erros óbvios” tem gerado discussões no mundo jurídico. Segundo especialistas, isso fere direitos básicos do consumidor e pode configurar abuso de poder por parte das empresas.

O advogado João Victor Ribeiro, especializado em direito digital e apostas esportivas, explica que “quando a casa de apostas aceita o bilhete, ela está firmando um contrato. Se o evento acontece e o resultado é válido, não se pode voltar atrás e desfazer o que foi pago. Isso quebra a confiança do usuário e pode ser questionado legalmente.”

O que fazer se acontecer com você?

Quem se sentir lesado por uma casa de apostas tem caminhos legais para buscar seus direitos. O primeiro passo é reunir provas — como capturas de tela, extratos da conta e comunicações com o suporte da plataforma. Em seguida, é possível registrar reclamações em órgãos como o Procon ou até acionar a Justiça, como fez o apostador do Distrito Federal.

Embora a maioria das plataformas tenha sede fora do Brasil, elas precisam seguir a legislação local quando operam no país. Isso inclui respeitar o Código de Defesa do Consumidor e manter transparência nas ofertas, cotações e pagamentos.

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