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Lygia Lais Rodrigues conversa com Ricardo Magri, Embaixador de Jogo Responsável da BiS SiGMA América do Sul.
O debate sobre Jogo Responsável no Brasil vem ganhando profundidade, mas ainda enfrenta o desafio de romper com mitos, estigmas e desinformações que circulam tanto na mídia quanto nas redes sociais. No BiS SiGMA Américas 2025, esse tema ganhou protagonismo com a curadoria de Ricardo Magri, que atuou como embaixador do Jogo Responsável e moderador de um dos painéis mais relevantes da conferência: “Desinformação e Mitos: Educando o Público sobre o Jogo Responsável”.
Durante a discussão, Magri apresentou uma proposta ousada e inovadora: o lançamento de um projeto de campanhas para a população, uma parceria entre as empresas Golaaço e Sport Solution (agências) e a EBAC, a Empresa Brasileira de Apoio ao Compulsivo, que pretende levar ações educativas para o espaço público — conectando esporte, cultura e conscientização sobre apostas de maneira direta, empática e fora do ambiente digital. O objetivo? Construir pontes com a sociedade civil, reforçar o papel da indústria como agente de transformação social e ampliar o alcance das mensagens de jogo responsável.
Nesta entrevista, ele fala sobre a origem e os objetivos do projeto, mas também aprofunda reflexões sobre a responsabilidade das operadoras, o papel das campanhas educativas e a urgência de ocupar a narrativa pública com conteúdo propositivo, baseado em dados e boas práticas.
Vamos começar pela novidade mais promissora do painel: o projeto das Campanhas Educativas. De onde surgiu essa ideia e qual o seu principal objetivo?
Esta ideia surgiu de uma necessidade de mercado originada do novo conjunto de deveres dos operadores, publicados nas portarias da Secretaria de Prêmios e Apostas, a SPA. Na portaria específica de Jogo Responsável, está escrito de forma bem clara que os operadores deverão, sem exceção, promover campanhas de conscientização da população em geral, ou seja, não estamos falando apenas da base de clientes ou de potenciais clientes, em relação aos riscos do transtorno do jogo compulsivo. Tais campanhas vão além de mensagens nas peças de propaganda, não devemos confundir estas duas coisas. O objetivo a ser atingido aqui é justamente impactar a população geral sobre tais riscos, explicar como o Jogo Responsável atua nisso e, de certa forma, ajudar a desmistificar e
trazer luz a um dos lados mais sombrios da nossa indústria aos olhos da opinião pública.
Você acredita que esse tipo de ação presencial — que mistura esporte, cultura e educação — pode ser mais eficaz do que as campanhas tradicionais de conscientização digital?
Veja bem: são dois conceitos diferentes. As campanhas digitais são sempre parte de uma ação de marketing. As métricas aplicadas são quase todas relacionadas ao sucesso publicitário: clientes adquiridos, audiência etc. As campanhas educativas têm outro espírito. Elas buscam conversar com qualquer público sem nenhum tipo de agenda de anunciante. Ao final do dia, o que vale é poder dizer, por exemplo, que duas mil pessoas passaram pela “tenda do Jogo Responsável” no parque esportivo em um Domingo qualquer do que dizer que a campanha digital foi visualizada por duzentas mil pessoas.
O projeto propõe um modelo de parceria entre operadores, iniciativas sociais e eventos esportivos. Como você enxerga a receptividade do mercado a esse tipo de proposta?
Espero que seja altíssima. Minha expectativa, inclusive, é de adesão total. Existe um componente econômico neste projeto muito interessante: as campanhas seriam financiadas por recursos captados dos incentivos fiscais, ou seja, de recursos que sairão do imposto de renda das empresas. Não haverá, portanto, necessidade de se usar recursos de outras linhas de orçamento de custos para cumprir com este dever social. Isto é totalmente lícito e, na verdade, é o principal motivo pelo qual as leis de incentivos fiscais existem, para eventos de cunho culturais, esportivos e educativos, que podem todos levar uma mensagem sobre Jogo Responsável nos seus motivos principais.
Durante o painel, ficou clara a diferença entre “mensagem obrigatória de propaganda” e “campanha educativa”. Você pode explicar por que essa distinção é tão importante?
Eu acabei falando disso em uma outra resposta, mas vou repetir aqui para fixarmos o conceito: Campanha Educativa e Propaganda são duas coisas completamente diferentes e não devem ser confundidas. Colocar o seu embaixador da marca em uma peça publicitária dizendo “Aqui tem Jogo Responsável” não atende ao que se requer na portaria. Campanha Educativa tem elementos como aderência ao público, linguagem educativa, conscientização sem viés de venda. Isso tudo tem que ser, desde já, percebido por todos os operadores e participantes da nossa indústria.
Você apontou que a responsabilidade pela educação do público não deve recair apenas sobre o regulador. Como as operadoras podem (e devem) assumir esse papel?
O que vimos na portaria da SPA é que o regulador deixa bem claro que este vai ser um dever dos operadores. Neste ponto, as Associações de classe que temos na nossa indústria podem ter um papel fundamental em juntar seus associados e captar os recursos para uma campanha poderosa que cumprirá o requisito para todos os efeitos e para todos os integrantes da nossa indústria, principalmente os operadores e o órgão regulador.
Vivemos um momento de transição regulatória. Como iniciativas como essas podem ajudar a consolidar uma imagem mais saudável e confiável para o setor junto à sociedade e aos órgãos públicos?
Mostra que não fugimos das questões complicadas. Mostra que o nosso setor, pro-ativamente, tem consciência dos problemas e não está adotando uma postura de esquiva, pelo contrário, encara a questão com seriedade e mostra para a população o que pode ser feito para mitigar os riscos destes fenômenos que são derivados da chegada da indústria em si.
Você mencionou a necessidade de campanhas empáticas, que saiam da defensiva. Que tipo de narrativa ainda falta na comunicação do nosso setor?
Nesta questão aqui, com uma linguagem mais educativa, mais acolhedora, dois elementos que fazem parte dos próprios princípios do Jogo Responsável. Devemos pensar que é importante estas campanhas estarem preparadas para receber uma pessoa avessa à nossa indústria, do único ponto de vista que ela de repente tinha, e ter a oportunidade de oferecer elementos para que ela tenha outro ponto de vista e talvez compreenda melhor alguns cenários e mude de opinião e reverta aquela aversão.
Por fim, o que você espera ver nos próximos anos em termos de evolução no discurso sobre Jogo Responsável no Brasil? O que ainda está travando esse avanço?
Em primeiro lugar gostaria de dizer que entendo que o Brasil iniciou muito bem esta parte do mercado regulamentado. Talvez em nenhum outro esta importância foi dada ao Jogo Responsável. Dito isso, acredito que pouco mais falta para termos uma atuação ainda mais forte neste sentido, e ela vem justamente com maior pro atividade nestas campanhas e assumir o protagonismo deste discurso para evitar que ele seja assumido por quem não entende do assunto ou, pior, visa atacar o nosso setor deliberadamente.
O caminho para um mercado de apostas mais saudável no Brasil passa, inevitavelmente, pela educação, pela empatia e pelo compromisso coletivo com a responsabilidade. Iniciativas como a proposta por Ricardo Magri demonstram que é possível — e necessário — ir além do discurso, traduzindo boas intenções em ações concretas que dialogam com a sociedade de forma transparente, acessível e transformadora.
Toda semana, publicaremos entrevistas exclusivas com os profissionais que subiram ao palco do BiS SiGMA Américas 2025 e compartilharam insights valiosos, experiências práticas e debates intensos. Essa série é um convite para continuarmos juntos nessa jornada, aprofundando os temas que realmente importam e ampliando a discussão sobre o presente e o futuro da indústria de apostas no Brasil.
E não se esqueça: a próxima edição do BiS SiGMA Americas 2026 já está em construção. Vamos, mais uma vez, reunir os principais nomes do setor, antecipar tendências e aprofundar os debates que estão transformando o cenário das apostas no Brasil. Fique ligado, porque o jogo já começou — e você não vai querer ficar de fora.