Governo fecha parceria com IBIA para combater manipulação no esporte brasileiro

Júlia Moura
Escrito por Júlia Moura

O acaba de assinar um acordo com a IBIA (International Betting Integrity Association), uma das maiores entidades do mundo no combate à manipulação de resultados ligados a apostas. 

A ideia é simples: unir forças para trocar informações sobre apostas suspeitas em jogos no Brasil e investigar qualquer atividade estranha. Com o crescimento desse mercado por aqui, a preocupação com fraudes também aumentou — e o governo quer acabar com qualquer chance de fraude. 

Proteção para atletas, clubes e apostadores 

A IBIA é uma associação internacional que monitora bilhões de dólares em apostas todos os anos. Só em 2025, no primeiro trimestre, foram 63 casos de apostas suspeitas identificados no mundo. Agora, com o acordo assinado, o Brasil passa a ter acesso a esse sistema de alerta. E isso vale ouro para proteger atletas, clubes, operadoras e também quem aposta de forma séria. 

Segundo o ministro do Esporte, André Fufuca, o acordo é um “marco” no combate à manipulação no esporte. “A integridade precisa ser uma regra clara, que garante confiança nos resultados. Com esse tipo de parceria, vamos ter ferramentas de sobra para dar mais transparência às competições”, disse ele. 

Aposta gigante no mercado brasileiro 

Um estudo divulgado no ano passado mostrou que o mercado legalizado de apostas esportivas no Brasil deve movimentar mais de R$ 190 bilhões até 2028. Com tanto dinheiro envolvido, o risco de gente tentando burlar o sistema é real. Por isso, o novo modelo de regulamentação das apostas exige que as empresas interessadas em operar por aqui façam parte de alguma entidade que monitore a integridade das apostas — como a própria IBIA. 

Segundo a consultoria H2 Gambling Capital, a IBIA já cobre mais de 70% do mercado legalizado de apostas online no Brasil. Ou seja: ela já tem dados e estrutura suficientes para ajudar o governo a agir rápido se algo suspeito aparecer. 

Khalid Ali, CEO da IBIA, comentou que esse tipo de cooperação é essencial num mercado que cresce tão rápido. “Quanto mais o mercado se desenvolve, maior a responsabilidade de garantir que ele seja limpo. Esse acordo com o governo brasileiro é fundamental para isso”, afirmou. 

Fiscalização mais forte a partir de 2025 

Além do Ministério do Esporte, o Ministério da Fazenda também está se movimentando. A Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) fechou acordos com outras três grandes entidades internacionais: Genius Sports, Sportradar e SIGA (Sports Integrity Global Alliance). Todas vão ajudar o Brasil a criar um sistema de fiscalização mais forte e com base em exemplos de países onde as apostas já são bem reguladas, como o Reino Unido e a Austrália. 

Essas parcerias são para durar pelo menos cinco anos, e a missão delas é ajudar o governo a identificar, investigar e punir quem tentar manipular resultados esportivos. 

Milhões de apostadores no país 

Para ter uma ideia do tamanho desse mercado, o governo estima que mais de 52 milhões de brasileiros começaram a apostar online nos últimos cinco anos. E, com o avanço da regulamentação, a expectativa é que esse número continue crescendo. 

Mas esse crescimento só vai valer a pena se vier acompanhado de segurança — tanto para os apostadores quanto para o próprio esporte. Afinal, nada mais frustrante do que acompanhar um jogo que pode estar sendo manipulado nos bastidores. 

A IBIA tem um sistema próprio de monitoramento que cruza dados de várias operadoras para detectar apostas suspeitas. Quando encontra algo estranho, emite alertas que podem virar investigações formais. Isso tudo ajuda a manter o jogo limpo e a punir quem tenta trapacear. 

Brasil quer ser referência 

Com todos esses acordos e exigências, o Brasil quer se posicionar como um dos países mais preparados da América Latina para lidar com o mercado de apostas. A meta é clara: permitir que o setor cresça, traga receita, gere empregos — mas sempre de forma transparente e responsável. 

No fim das contas, quem ganha com isso tudo é o esporte. Atletas, clubes, torcedores e apostadores poderão confiar mais nos resultados. E aí, sim, o Brasil poderá explorar todo o potencial do seu mercado esportivo sem que ele vire território fácil para criminosos.