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Nas últimas 24 horas, quem acompanha influenciadores do mundo das apostas pode ter notado algo estranho: vários perfis desapareceram do Instagram e do Facebook, sem aviso, sem explicação. Mas não foi um erro ou um bug.
Tudo começou com um acordo entre o governo federal, por meio da , e a Meta, proprietária do Instagram e Facebook. A ideia é combater a divulgação de sites de apostas que não têm licença para funcionar no Brasil. Com o apoio do Conar (órgão responsável por regular a publicidade no país), o governo enviou à Meta uma lista com cerca de 5 mil perfis de influenciadores que promovem casas de apostas consideradas ilegais.
Esses perfis estão sendo analisados um a um. Dependendo do caso, podem ser suspensos, excluídos ou bloqueados. A medida está prevista em um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) assinado pela Meta, que agora tem responsabilidade direta na fiscalização.
Muitos dos perfis afetados não foram excluídos para sempre. Em alguns casos, eles estão apenas “invisíveis” no Brasil — ou seja, ainda podem ser acessados de fora do país. Para tentar recuperar as contas, é preciso entrar com recurso diretamente na central da Meta. Dependendo do caso, pode ser necessário contratar um advogado.
Como parte do combinado, a Meta ativou uma ferramenta de inteligência artificial para ajudar a identificar conteúdos que violam as regras. Essa IA foi programada para encontrar postagens suspeitas, principalmente as que envolvem links, promoções ou nomes de sites de apostas.
O problema é que essa ferramenta ainda está em fase de testes — e já comete muitos erros. Perfis que nunca falaram de apostas acabaram bloqueados por engano. Links da Shopee, de programas de afiliados comuns e até conteúdos inofensivos acabaram entrando na mira da IA.
Quem deveria estar liderando esse combate às plataformas ilegais é a Anatel, mas a própria agência já admitiu que não tem estrutura, equipe ou tecnologia para isso. Então o governo chamou empresas como Meta e Google para assumir esse papel.
Por que isso está acontecendo agora? Simples: as big techs têm medo de processos. Se um conteúdo ilegal fica no ar e causa prejuízo, a Justiça pode responsabilizar a plataforma. Então, para não correr riscos, elas preferem remover tudo que pareça suspeito.
Enquanto influenciadores perdem perfis e a Meta ganha mais poder, uma pergunta segue no ar: onde está o dinheiro da regulamentação das apostas?
Desde que a nova lei entrou em vigor, só com a venda de licenças para empresas operarem no Brasil, o governo arrecadou mais de R$ 2,4 bilhões. Cada licença custa R$ 30 milhões e vale por cinco anos. Além disso, entre fevereiro e abril de 2025, a arrecadação federal com impostos sobre apostas foi de R$ 754,6 milhões — e o total movimentado chegou a R$ 8,3 bilhões.
Mesmo com esse dinheiro todo, a fiscalização não está 100%. O orçamento da Anatel foi cortado em 25%, o que afetou até o básico, como viagens para fiscalizações e reuniões presenciais. Resultado: o Estado arrecada como nunca, mas fiscaliza como pode — com ajuda de empresas privadas e ferramentas automáticas.
Vale dizer: combater sites de apostas ilegais é mais do que necessário. Essas plataformas muitas vezes aplicam golpes, prometem bônus falsos e deixam jogadores no prejuízo. Então, sim, precisa haver controle. Mas isso não pode ser feito de qualquer jeito.
Usar uma ferramenta automatizada que erra mais do que acerta, sem dar chance de defesa, coloca muita gente inocente no meio da confusão. Criadores de conteúdo honestos, que seguem as regras, estão sendo punidos junto com quem age fora da lei.
Para que esse novo cenário seja justo, é preciso transparência, diálogo e responsabilidade. Porque não adianta tirar perfis do ar se o jogador continua exposto a sites piratas e promessas falsas. Não basta arrecadar bilhões — é preciso garantir que esse mercado funcione com segurança, justiça e respeito para todos.
Este artigo foi produzido com base em informações fornecidas por Fred Azevedo Beta em: https://www.fredazevedo.com/post/perfis-derrubados-meta-spa-influenciadores-jogos