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bbno$ brinca que é o “Eminem da Gen Z”. A piada funciona porque ele entende o jogo cultural da população que cresceu no feed infinito. Mas será que o mercado de iGaming — mais regulado, competitivo e cheio de responsabilidade — consegue usar o mesmo humor rápido, visual e cheio de referências sem soar forçado? Melhor pergunta: precisa tentar ser “jovem” ou basta ser relevante, honesto e mobile-first? Neste artigo, reunimos dados recentes do mercado de jogos, comportamento digital da Geração Z e sinais do boom das bets entre os jovens do Brasil para entender como falar com esse público sem paternalismo — e sem perder de vista a responsabilidade e a regulação.
O mercado global de jogos continua gigante e em crescimento. Segundo a Newzoo, a receita prevista para 2024 era de cerca de US$ 187,7 bilhões, mas os números finais ficaram em torno de US$ 182,7 bilhões, um aumento de 3,2% em relação ao ano anterior. Os jogos para celular seguem no topo da lista, representando quase metade de toda a receita do setor, enquanto desktop e consoles variam conforme os ciclos de lançamentos.
Mobile não é só grande: é onde a juventude joga primeiro. Dados compilados pela Udonis com base em várias fontes de mercado mostram que o mobile respondeu por 49% da receita global de jogos recentes e que jogadores de Gen Z e Gen Alpha têm forte preferência por jogar no celular. O relatório também destaca que a base global de gamers já passou dos 3 bilhões e que o Brasil aparece entre os mercados com alto tempo médio de jogo mobile.
No Brasil, o número de usuários de jogos mobile deve ultrapassar 84 milhões até 2027, mantendo trajetória de alta continuidade desde 2018, segundo projeções da Statista.
Na visão regional, a América Latina avança impulsionada pelos smartphones, pacotes de dados mais acessíveis e 4G/5G mais amplo. Estudos de mercado indicam que o mobile gaming é o principal vetor de expansão do setor na região; as estimativas apontam a aderência de internet móvel em 72% da população latino-americana em 2023 e posse de smartphone superior a 80% entre adultos no Brasil, fatores que tornam o celular a porta de entrada natural para jogos e apostas.
A Udonis compila que 29,5% dos jogadores mobile estão entre 25–34 anos e 28,3% entre 16–24; ainda há fatias relevantes entre 35–44 (23,1%) e acima disso, mostrando que o mobile é transversal, mas com peso maior nos mais jovens. No corte por geração, 77% de Gen Z e 73% de Millennials jogam em mobile; a participação cai em Gen X e Boomers, mas continua alta.
Entre apostadores esportivos nos EUA — um bom termômetro de comportamento digital multiplataforma — os mais jovens tendem a usar mais de um app e valorizam recursos avançados. Pesquisa da YouGov de 2024 mostra que faixas de 21–24 e 25–34 anos são as que mais experimentam múltiplos aplicativos de apostas, sinalizando baixa fidelidade e alta curiosidade por novidade.
Recursos ao vivo contam: outro estudo YouGov destaca um forte interesse em live streaming dentro dos apps de apostas, especialmente entre usuários de 21–34 anos.
A McKinsey descreve a Gen Z (aprox. nascidos de meados dos anos 1990 a 2010) como a primeira geração verdadeiramente digital nativa: vive, aprende, compra e socializa online; alterna telas e comunidades com fluidez; e valoriza identidades plurais. No recorte brasileiro do estudo “True Gen”, a consultoria destaca uma inclusividade radical, pragmatismo e desejo de dialogar com marcas sobre valores reais — não slogans vazios.
Essa demanda por autenticidade não é retórica. Matérias recentes mostram que os jovens preferem criadores “gente como a gente” a celebridades tradicionais, e que mensagens alinhadas a causas sociais aumentam afinidade. Pesquisas citadas por Financial Times, Economic Times/Kantar (ET Snapchat Gen Z Index) e análises de marketing de conteúdo indicam que transparência, representatividade e participação do público superam campanhas excessivamente polidas.
O consumo de vídeo é quase universal no Brasil: o estudo Inside Video 2024 da Kantar IBOPE Media aponta alcance de 99,63% da população brasileira em formatos de vídeo somados e crescimento do uso multiplataforma, com forte presença de smartphones.
Short-form manda no feed. Dados compilados pela Submagic sobre Instagram Reels mostram grande massa de usuários no Brasil (entre os top países), alta taxa de engajamento em vídeos curtos (<15s) e participação dominante da Gen Z no engajamento Reels; humor e compartilhabilidade elevam alcance.
Descoberta de conteúdo muda rápido: Channel 4 relatou que jovens britânicos (comportamento análogo observado globalmente) descobrem programas via TikTok/YouTube antes da TV — um alerta para qualquer vertical que depende de atenção, incluindo apostas.
A migração de jovens para conteúdo de creators em vez de TV tradicional também aparece em análise baseada em pesquisa da Deloitte, destacando o peso do TikTok e das redes sociais na formação de preferências de mídia entre a Gen Z.
Velocidade, recompensas frequentes e sensação de comunidade elevam o engajamento de jogadores jovens em ambientes de iGaming. Uma reportagem do Olive Press mostra como mecânicas de FOMO (promoções relâmpago, jackpots progressivos, “amigos ganhando agora”) e reforço dopaminérgico mantêm a população da Gen Z engajada — mas exigem um equilíbrio responsável.
Gamificação virou padrão competitivo em cassinos online: pontos, níveis, badges, desafios diários e personalização são citados como ferramentas centrais para retenção e familiaridade com padrões de videogame, especialmente para Millennials e Gen Z, de acordo com análises do iGamingLink.
Além de mecânica, há também a cultura de comunidade. Um artigo do Orange Fizz destaca que a Gen Z espera missões, modos competitivos, recompensas progressivas e forte presença de streamers/influencers (Kick, Twitch) para criar confiança, conexão e aprendizado social em apostas.
O impacto financeiro das apostas online já aparece em indicadores educacionais. Um levantamento da Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior) divulgado pelo portal UOL Educação mostrou que 34% dos jovens brasileiros (18–35) adiaram a entrada na universidade em 2025 por gastos com bets. Os índices sobem para 44% no Nordeste e 41% no Sudeste.
A mesma pesquisa, repercutida pelo Poder360, reforça que o comprometimento de renda com apostas ameaça as matrículas e a permanência no ensino superior, especialmente em faixas de menor renda.
O InfoMoney detalhou que quase metade dos entrevistados gastou mais de R$350/mês com apostas em 2025 e que as plataformas de bets já são o segundo destino da internet brasileira, perdendo apenas para o Google.
Mesmo após diversas regras federais, uma pesquisa do Instituto Locomotiva apontou que 61% dos apostadores usaram sites não regulamentados em 2025; jovens de baixa renda foram os mais expostos, citando falta de informação sobre quais plataformas são legais.
Os Millennials viram a internet nascer; a Gen Z nasceu dentro dela. Para essa geração, presença digital não basta: é preciso responder rápido, aparecer onde eles estão (vídeo curto, mobile, creators), falar de valores reais e oferecer experiências — principalmente em iGaming. O desafio é unir diversão, gamificação e recompensas ao mesmo tempo em que se comunica com responsabilidade num cenário em que gastos com bets já impactam a vida de jovens brasileiros. Marcas que tratam a Gen Z como parceira — e não como alvo a ser manipulado — têm mais chances de construir relações duradouras.