Automation, AI and the future of gaming in Latin America 

Jenny Ortiz-Bolivar
Traduzido por Thawanny de Carvalho Rodrigues

No início de 2025, o Ministério da Fazenda do Brasil anunciou a conclusão bem-sucedida da fase de licenciamento e a abertura oficial do mercado de apostas. Esse momento marcou um feito histórico para o setor de jogos online regulamentados e apostas esportivas, estabelecendo um novo padrão para a indústria de apostas na América do Sul.

Em entrevista à SiGMA TV, Muriel Le Senechal, Gerente Comercial Regional da Fast Track para a América Latina, alertou que muitos operadores ainda não estão aproveitando plenamente as tecnologias disponíveis.

“Em mercados menores, é possível ter uma abordagem mais manual”, afirmou Le Senechal em português. “Mas, quando olhamos para o Brasil, o volume é tão grande que não há alternativa — é preciso tecnologia, é preciso automação para alcançar bons resultados de retenção.”

Ela explicou como as ferramentas de inteligência artificial podem “determinar o melhor horário do dia para enviar uma mensagem ao jogador, o melhor canal a ser usado e qual campanha é mais relevante”.

Apesar disso, enfatizou: “Não estamos utilizando completamente as ferramentas que temos à disposição. Precisamos explorar mais a automação e a IA para resolver o desafio da eficiência no CRM, sem abrir mão de oferecer uma experiência personalizada ao jogador.” Ela acrescentou que um uso mais criativo dos dados poderia melhorar a segmentação: “Se alguém aposta apenas em esportes, não faz sentido continuar recebendo campanhas sobre caça-níqueis.”

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Da aquisição em massa à retenção segmentada

Refletindo sobre a transição do Brasil rumo à regulamentação, Le Senechal destacou erros comuns: “Às vezes, quando olhamos para o Brasil, pensamos: ‘Uau, vocês estão repetindo erros que a Europa já cometeu’. É preciso aprender com quem já passou por isso.”

Ela observou uma redução no número total de jogadores, mas argumentou que esse movimento pode ser positivo. “É um efeito de filtragem”, disse. “Os jogadores que passam pelo KYC e por todos os pontos de fricção são aqueles realmente engajados. Eles escolheram sua plataforma como destino de entretenimento.”Le Senechal incentivou os operadores a mudarem o foco: “Agora é o momento de falar com os jogadores da maneira como eles querem ser abordados”, ressaltou, destacando que a Fast Track oferece “estratégias de bônus alinhadas com as exigências de conformidade” e alternativas como “gamificação, campanhas de incentivo e desafios” para substituir os bônus de boas-vindas, que são proibidos.

IA e jogo responsável: foco no bem-estar do jogador

“O essencial é entender o que o jogador quer e como ele deseja interagir com a sua marca”, afirmou. Isso inclui iniciativas de CRM em tempo real que podem promover comportamentos mais saudáveis. “Esse tipo de iniciativa só é possível com dados em tempo real e gatilhos de CRM”, explicou. “Isso demonstra ao jogador que nos importamos.”

Le Senechal também mencionou a importância das salvaguardas automatizadas: “Quando um jogador ultrapassa limites razoáveis de tempo ou de dinheiro gasto, ele é automaticamente excluído de futuras campanhas de marketing.”

Ela fez questão de deixar claro que o objetivo não deve ser incentivar o consumo excessivo: “Fazemos parte da indústria do entretenimento, não somos uma fonte alternativa de renda”, reforçou. “Essa é uma mensagem que precisamos enfatizar no Brasil.”

Personalização além da “tropicalização”

Ao analisar o panorama mais amplo da América Latina, Le Senechal observou que muitos operadores ainda estão atrasados. “Se você ainda está falando sobre localização, está atrasado — essa foi a conversa do ano passado”, afirmou.

“O foco agora precisa estar na experiência do jogador”, destacou, defendendo “personalização, programas de fidelidade e gamificação”. Ela acrescentou que os operadores devem “prestar muita atenção ao comportamento dos jogadores, entender seus jogos favoritos e adaptar as ofertas de acordo”.

“Precisamos trazer mais o fator humano para a experiência, criar um senso de pertencimento — porque é assim que as pessoas se conectam”, disse. “Experiências personalizadas são o futuro.”

Uma região com potencial

Os apelos de Le Senechal por uma maior adoção tecnológica refletem preocupações mais amplas apontadas pelo (PNUD), que alertou que a América Latina e o Caribe estão ficando para trás na adoção de inteligência artificial.

Embora a IA possa adicionar 5,4% ao PIB da região até 2030, esse crescimento está bem abaixo da previsão de 14,5% para a América do Norte. O PNUD citou “investimento público limitado em ciência e tecnologia” e uma “economia altamente informal” como fatores que contribuem para esse cenário.

Apesar disso, há espaço para crescimento. “A América Latina e o Caribe são regiões altamente empreendedoras”, destacou o PNUD, apontando o surgimento de 34 start-ups “unicórnios” somente em 2022.

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