Por que o futuro das corridas de cavalos depende de reformas no Reino Unido e nos EUA

David Gravel
Escrito por David Gravel
Traduzido por Thawanny de Carvalho Rodrigues

Antes considerado o cora??o pulsante do esporte nacional, o universo das corridas de cavalos hoje disputa espa?o num cen¨¢rio saturado por apostas digitais, mudan?as no comportamento dos consumidores e uma regula??o cada vez mais complexa. Ainda assim, rumores sobre seu fim podem ser precipitados. Embora os setores brit?nico e norte-americano enfrentem forte press?o, ambos v¨ºm buscando, com esfor?o, sinais de inova??o e reforma capazes de moldar o futuro da modalidade.

Verifica??es de acessibilidade desaceleram apostadores no Reino Unido

O modelo de financiamento das corridas brit?nicas, que funcionou por d¨¦cadas, hoje parece mais antiquado do que vi¨¢vel. As verifica??es de acessibilidade financeira, implementadas como parte do novo pacote regulat¨®rio do governo, resultaram em uma queda significativa no volume de apostas. De acordo com a Autoridade Brit?nica de Corridas de Cavalos (BHA), o setor perdeu mais de ? 3 bilh?es em apostas desde 2022 ¡ª reflexo direto da redu??o das apostas online, j¨¢ que muitos apostadores t¨ºm diminu¨ªdo suas atividades ou migrado para sites n?o regulamentados.

A preocupa??o vai al¨¦m da quest?o financeira. Por tr¨¢s do galope dos cavalos, h¨¢ cerca de 85 mil empregos ligados a um esporte que sustenta comunidades rurais em decl¨ªnio no Reino Unido. De criadores a ferradores, de j¨®queis a profissionais da hospitalidade ¡ª as corridas formam um ecossistema completo. Sem uma base s¨®lida de apostadores, os pr¨ºmios encolhem, a participa??o cai e os hip¨®dromos menores correm risco de fechar as portas.

Para evitar esse cen¨¢rio, a BHA tem pressionado por uma reforma na taxa de apostas das corridas, propondo aumentar sua al¨ªquota de 10% para 11,5%, al¨¦m de transferir a gest?o do fundo para a Comiss?o de Jogos de Azar do Reino Unido. Essas medidas visam garantir um modelo de financiamento mais sustent¨¢vel e evitar que o setor fique para tr¨¢s.

Paralelamente, h¨¢ um esfor?o consistente para reposicionar as corridas n?o apenas como um produto de apostas, mas tamb¨¦m como parte essencial do tecido cultural e rural brit?nico. Foram lan?ados novos campeonatos de corridas com obst¨¢culos no ver?o, com pr¨ºmios extras para j¨®queis, donos e treinadores em destaque. Hip¨®dromos como o de Newbury registraram aumento no p¨²blico, mas alertam que isso n?o ¨¦ motivo para acomoda??o ¡ª e refor?am a import?ncia de continuar investindo na experi¨ºncia do espectador. Pequenas reformas compram tempo, mas se as corridas brit?nicas n?o encontrarem uma forma de acelerar, correm o risco de se tornar apenas uma rel¨ªquia envolta em gl¨®rias do passado.

Os desafios, no entanto, continuam. O crescimento do setor ilegal de apostas ¨¦ motivo de preocupa??o, com algumas estimativas apontando aumento de at¨¦ 500% no n¨²mero de brit?nicos acessando sites de apostas n?o licenciados. A pr¨®pria BHA j¨¢ identificou um salto expressivo em apostas ilegais em corridas de cavalos, indicando que o esporte est¨¢ sendo fortemente impactado por essa economia paralela.

Se n?o houver cuidado, a press?o regulat¨®ria pode afastar ainda mais os apostadores dos canais oficiais, empurrando-os para ambientes menos seguros e quase imposs¨ªveis de rastrear. Apertar demais o cerco pode sufocar; afrouxar demais abre as portas para pr¨¢ticas perigosas. ? nesse equil¨ªbrio delicado que as corridas precisam sobreviver.

Erros de marketing ofuscam o potencial do esporte

Se por um lado a regula??o pesa sobre as corridas brit?nicas, por outro h¨¢ uma amea?a silenciosa que compromete seu desempenho: a dificuldade do setor em se comunicar com o p¨²blico. O , aponta que o lan?amento da s¨¦rie Premier Racedays ¡ª com 170 eventos ¡ª representava uma oportunidade de ouro para revitalizar o calend¨¢rio e reconquistar o p¨²blico ocasional. No entanto, segundo ele, os esfor?os promocionais foram ¡°p¨¦ssimosé¢.

A campanha de marketing nacional que deveria acompanhar esses eventos simplesmente n?o conseguiu gerar interesse, deixando boa parte do p¨²blico alheia ao que deveria ser o produto premium do esporte. Mottershead ressalta que at¨¦ mesmo profissionais do setor tinham dificuldade em identificar quais corridas integravam os Premier Racedays ¡ª quanto mais explicar seu prop¨®sito ou diferencial.

Em uma era em que o futebol, a F¨®rmula 1 e at¨¦ os campeonatos de dardos criam narrativas envolventes, apostam em estrelas e espet¨¢culos para atrair o p¨²blico, o marketing fragmentado e pouco impactante das corridas pode levar ao esquecimento. Sem uma hist¨®ria bem contada ou um diferencial claro, nem mesmo as melhores corridas conseguem cativar o apostador moderno, que divide a aten??o entre v¨¢rias telas.

Executivos como Julian Thick, do hip¨®dromo de Newbury, j¨¢ alertaram: o aumento no n¨²mero de visitantes n?o ¨¦ motivo para baixar a guarda. O produto pode at¨¦ ser bom, mas se o p¨²blico n?o entender por que deve se importar, as corridas v?o perder justamente a audi¨ºncia que est?o tentando reconquistar.

A crise dos treinadores reflete o decl¨ªnio rural

Harry Charlton ¨¦ direto ao ponto. Segundo ele, os treinadores brit?nicos est?o sendo descartados da mesma forma que os agricultores foram. ¡°Mesma hist¨®ria. Mesmo sil¨ºncio. Mesma destrui??o lenta¡±, disse em entrevista recente. Para Charlton, os crescentes custos operacionais, a carga regulat¨®ria e as mudan?as sociais tornam cada vez mais dif¨ªcil manter uma opera??o de treinamento ¡ª colocando em risco o futuro do esporte como um todo.

Seu ponto de vista revela o alcance dos desafios enfrentados pela ind¨²stria. Se o objetivo ¨¦ preservar a alma das corridas, ¨¦ preciso proteger quem est¨¢ na base: as pessoas que acordam cedo para cuidar dos cavalos, e n?o apenas quem colhe os frutos em Cheltenham. Se n?o houver adapta??o, o setor n?o perder¨¢ apenas treinadores ¡ª perder¨¢ suas ra¨ªzes. E se essas ra¨ªzes se romperem, o futuro das corridas ser¨¢ t?o fr¨¢gil quanto as profiss?es rurais que o esporte ajudou a sustentar por gera??es.

O futuro brit?nico ¡ª e global ¡ª das corridas de cavalos

Apesar dos desafios, lideran?as do setor continuam confiantes na qualidade e no potencial das corridas brit?nicas. Enquanto alguns pintam um cen¨¢rio sombrio, Fred Done ¡ª fundador da Betfred ¡ª faz o oposto: chamou as corridas do Reino Unido de ¡°primeira classe¡± e ¡°as melhores do mundoé¢. Segundo ele, h¨¢ o risco de se perder um legado internacionalmente respeitado, constru¨ªdo ao longo de gera??es.

A BHA apoia essa vis?o com a??es concretas, como o lan?amento da campanha HorsePWR, que destaca os padr?es de bem-estar animal e o valor cultural das corridas. Robin Mounsey, chefe de comunica??o da BHA, n?o mediu palavras: ¡°Esta campanha representa um marco para as corridas brit?nicas. ? a primeira vez, em muito tempo, que o setor investe de forma significativa em uma campanha p¨²blica sobre bem-estar animal.¡±

De padr?es rigorosos nos dias de corrida a compromissos consistentes com o bem-estar, a agenda da BHA ¨¦ baseada em desempenho, prote??o e credibilidade internacional.

E n?o se trata apenas de discurso. ? o setor declarando, com orgulho: ainda somos refer¨ºncia mundial ¡ª e n?o temos planos de desaparecer discretamente. As corridas brit?nicas est?o lutando para se reinventar em uma nova era.

Corridas de cavalos nos EUA tentam encontrar equil¨ªbrio

Do outro lado do Atl?ntico, os obst¨¢culos s?o diferentes, mas igualmente desafiadores. O setor nos Estados Unidos funciona como um mosaico: fragmentado, controlado por estados e marcado por lacunas onde deveria haver unidade. Ao contr¨¢rio das apostas esportivas, que se expandiram com rapidez no pa¨ªs impulsionadas por apps modernos e investimentos publicit¨¢rios massivos, as corridas de cavalos ainda enfrentam dificuldades para se atualizar.

Um ponto positivo tem sido a legaliza??o e expans?o das m¨¢quinas de Apostas Hist¨®ricas em Corridas de Cavalos (HHR) em estados como Kentucky, Wyoming e Virg¨ªnia. Esses terminais, semelhantes a slots, permitem apostar em corridas passadas e se tornaram uma fonte essencial de receita para hip¨®dromos locais. Apenas Kentucky movimentou mais de US$ 1,3 bilh?o em HHR em 2023. A disputa legal e os impasses pol¨ªticos em torno dessas m¨¢quinas refletem um conflito mais profundo entre moderniza??o e apego ¨¤s tradi??es.

Al¨¦m disso, o esporte enfrenta um desafio cultural. Para apostadores jovens, acostumados com apostas combinadas, fantasy sports e a??es instant?neas durante o jogo, o ritmo das corridas pode parecer antiquado. A cultura das corridas no dia do evento perdeu for?a ¡ª e sem uma transforma??o digital relevante, o setor corre o risco de se tornar apenas uma pe?a de museu no panorama das apostas norte-americanas.

Ainda assim, h¨¢ pontos de otimismo. Locais como Keeneland e Saratoga mant¨ºm p¨²blicos fi¨¦is e v¨ºm investindo em melhorias na experi¨ºncia do visitante. A Autoridade de Integridade e Seguran?a nas Corridas de Cavalos (HISA), criada em 2022, busca estabelecer padr?es consistentes de seguran?a e regula??o em todo o pa¨ªs. Parcerias entre hip¨®dromos e casas de apostas tamb¨¦m est?o surgindo ¡ª embora de forma mais lenta do que o esperado.

H¨¢ ind¨ªcios de que o cen¨¢rio pode mudar, desde que o setor aja com firmeza. Investir em integra??o com plataformas m¨®veis, aprimorar estrat¨¦gias de marketing e adotar formatos modernos ¡ª como apostas m¨²ltiplas em uma ¨²nica corrida ¡ª s?o caminhos para conquistar uma nova gera??o de apostadores digitais. A adapta??o a esses h¨¢bitos ser¨¢ fundamental para garantir o futuro das corridas num ambiente dominado por apostas esportivas online.

O futuro das corridas depende de mudan?as r¨¢pidas e estrat¨¦gias inteligentes

Apesar de obst¨¢culos distintos, a mensagem central ¨¦ clara: ou as corridas mudam rapidamente, ou ficam para tr¨¢s. N?o h¨¢ mais espa?o para indecis?o. O mundo j¨¢ seguiu em frente. No Reino Unido, a solu??o passa por uma reforma tribut¨¢ria, regula??o mais eficiente e motivos reais para levar o p¨²blico de volta aos hip¨®dromos semana ap¨®s semana. O debate j¨¢ come?ou, com propostas para modernizar o sistema de arrecada??o e estabilizar o financiamento de longo prazo. Enquanto cassinos online prosperam, o setor de corridas exige atualiza??o nas regras fiscais.

Nos EUA, o futuro das corridas depende de uma supervis?o mais eficaz, melhor tecnologia e estrat¨¦gias que respeitem a tradi??o ¡ª mas que tamb¨¦m rompam com ela.

Nenhum dos mercados tem todas as respostas, mas ambos ainda possuem os elementos certos para uma recupera??o. As linhagens s?o fortes, os f?s seguem fi¨¦is, e o valor econ?mico permanece alto. O que falta ¨¦ uma lideran?a com vis?o de longo prazo.

As corridas de cavalos talvez n?o sejam mais o ¨²nico centro das aten??es, mas ainda t¨ºm f?lego para competir. Com as reformas certas e uma dose renovada de energia, o esporte pode galopar com confian?a rumo ao seu pr¨®ximo cap¨ªtulo.

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