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Exclusivo: Executivo da GLI pede ¨®rg?o regulador central em vez de autorregula??o no iGaming na ?ndia
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A regulamenta??o do iGaming continua sendo um desafio significativo, especialmente em mercados emergentes como a ?ndia, onde a falta de um arcabou?o regulat¨®rio centralizado resulta em uma supervis?o fragmentada. , Vice-Presidente de Assuntos Governamentais e Regulat¨®rios da , ressalta que organismos de autorregula??o podem apresentar falhas. A GLI, uma empresa globalmente reconhecida por seus servi?os de teste e certifica??o de conformidade no setor de jogos, colabora com reguladores para garantir a prote??o dos jogadores, a seguran?a e a promo??o do jogo respons¨¢vel.
Nesta entrevista exclusiva ¨¤ SiGMA News, Dalbock explica por que um ¨®rg?o regulador em n¨ªvel federal traria uma abordagem mais estruturada e transparente, assegurando prote??o aos jogadores, pr¨¢ticas de jogo respons¨¢vel e concorr¨ºncia justa no mercado. Ele tamb¨¦m compartilha insights sobre ciberseguran?a, expans?o de mercado e a integra??o entre jogos f¨ªsicos e online.
Quais s?o os maiores desafios regulat¨®rios na integra??o entre jogos f¨ªsicos e online?
Devon Dalbock: Acredito que o maior desafio dos jogos online seja a dualidade entre vantagens e desvantagens. Em um ambiente online regulado, o governo pode oferecer prote??o ao jogador, al¨¦m de controlar melhor o acesso por meio de processos como verifica??o de identidade (KYC), confirma??o de idade e medidas contra lavagem de dinheiro. A regulamenta??o facilita a gest?o desses aspectos. Nos jogos f¨ªsicos, o controle tamb¨¦m ¨¦ mais simples, pois a opera??o acontece em um espa?o delimitado.
Por outro lado, em um mercado n?o regulamentado, os jogos online se tornam uma esp¨¦cie de “Velho Oeste” ¡ª sem prote??o aos jogadores, sem garantias contra lavagem de dinheiro, sem iniciativas de jogo respons¨¢vel e sem arrecada??o de impostos, o que significa perda de receita para o governo. Por isso, faz muito mais sentido para uma jurisdi??o implementar regula??es para lidar com esses fatores t?o importantes.
Com o avan?o da IA e do blockchain, como a GLI est¨¢ adaptando seus padr?es de teste para ecossistemas de jogos h¨ªbridos?
Devon Dalbock: Estamos acompanhando e incorporando todas as novas tecnologias ¨¤ medida que surgem. No entanto, ¨¦ importante lembrar que a IA ¨¦ amplamente baseada em c¨®digo aberto. Na GLI, tratamos todas as informa??es confidenciais de nossos clientes com o mais alto n¨ªvel de sigilo, incluindo produtos, c¨®digos-fonte e outros dados.
Utilizamos IA de forma limitada em nossos testes internos e processos, mas reconhecemos que, no setor de jogos, ela tem um papel fundamental, especialmente no jogo respons¨¢vel. A IA pode prever o comportamento dos jogadores e ajudar os reguladores a identificar padr?es que indiquem problemas, como jogadores com m¨²ltiplas contas em diferentes operadores. O desafio regulat¨®rio ¨¦ conectar todas essas informa??es para criar um panorama geral do jogador. Se uma pessoa est¨¢ perdendo dinheiro com diversos operadores, ¨¦ essencial ter uma vis?o abrangente para prever riscos e oferecer interven??es antes que o problema se agrave.
Qual a import?ncia da localiza??o no setor de jogos?
Devon Dalbock: Acredito que seja fundamental. O que funciona em uma jurisdi??o pode n?o ser eficaz em outra. Culturas variam, e os operadores precisam adaptar seu conte¨²do e oferta para atender ¨¤s particularidades de cada mercado.
Por exemplo, no mercado africano, de onde venho, as apostas esportivas dominam o segmento online, muito mais do que os jogos de cassino. O esporte ¨¦ profundamente enraizado na cultura, assim como o cr¨ªquete na ?ndia. O futebol, por exemplo, ¨¦ uma paix?o na ?frica, tornando as apostas esportivas extremamente populares. Al¨¦m disso, h¨¢ um crescimento significativo da participa??o feminina nos jogos online em diversas regi?es. Portanto, qualquer operador que queira ingressar em um novo mercado precisa customizar sua oferta considerando a jurisdi??o e a cultura local.
Quais mercados tiveram maior sucesso na integra??o entre jogos f¨ªsicos e online?
Devon Dalbock: A introdu??o do iGaming costuma ser um desafio para operadores de cassinos f¨ªsicos. Isso ocorre porque as opera??es presenciais enfrentam regulamenta??es rigorosas, incluindo obriga??es sociais e tributa??o. Muitas jurisdi??es est?o apostando em resorts integrados como uma estrat¨¦gia para impulsionar o turismo. O Sri Lanka, por exemplo, est¨¢ explorando essa op??o, o que demanda um investimento inicial significativo.
Em contraste, os jogos online exigem um investimento menor. Frequentemente, em jurisdi??es com mercados tradicionais e bem-sucedidos de jogos presenciais, vemos uma resist¨ºncia inicial por parte dos operadores de jogos f¨ªsicos quando os jogos online s?o introduzidos. Esse retorno vem dos operadores de jogos presenciais devido ao custo dos investimentos que tiveram que absorver.
No entanto, de maneira semelhante, muitas jurisdi??es onde os operadores tradicionais presenciais agora come?am a abra?ar o jogo online e a oferecer modelos h¨ªbridos. Ou seja, eles mant¨ºm seus estabelecimentos presenciais tradicionais, mas oferecem aos jogadores a oportunidade de jogar online tamb¨¦m. Estamos vendo, lentamente, o crescimento desses modelos h¨ªbridos, especialmente em v¨¢rios mercados da ?frica. Em algumas jurisdi??es, as receitas dos jogos online superam as receitas dos jogos presenciais. Ent?o, sim, ¨¦ um conceito interessante.
Com a ciberseguran?a se tornando uma preocupa??o crescente no iGaming, quais medidas os operadores na ?ndia e na ?sia devem priorizar?
Devon Dalbock: A ciberseguran?a ¨¦ uma prioridade global. Recentemente, a GLI lan?ou um framework de ciberseguran?a voltado especificamente para a ind¨²stria de jogos, e muitas jurisdi??es j¨¢ est?o adotando essas diretrizes.
Medidas como auditorias anuais, testes de penetra??o e avalia??es de vulnerabilidades s?o essenciais. Atualmente, diversas jurisdi??es exigem auditorias anuais de seguran?a digital e processos rigorosos de gest?o de mudan?as. No ambiente online, ¨¦ poss¨ªvel modificar jogos e ajustar o RTP (Retorno ao Jogador) com facilidade, o que exige um controle rigoroso.
Al¨¦m disso, operadores de jogos online lidam com dados altamente valiosos dos jogadores, incluindo n¨²meros de identifica??o, informa??es banc¨¢rias e dados de cart?es de cr¨¦dito. Esses dados s?o extremamente cobi?ados por indiv¨ªduos mal-intencionados e representam um alvo priorit¨¢rio para criminosos cibern¨¦ticos. Por isso, ¨¦ fundamental que os operadores implementem medidas rigorosas para garantir a seguran?a dessas informa??es, protegendo seus jogadores contra poss¨ªveis amea?as.
Quais s?o os principais aspectos a serem considerados para controlar o jogo por menores de idade no mercado asi¨¢tico?
Devon Dalbock: Esse ¨¦, sem d¨²vida, um dos pontos mais cr¨ªticos. ? essencial proteger os menores e evitar que pessoas vulner¨¢veis, ou seja, aquelas que podem n?o ter capacidade mental para tomar decis?es respons¨¢veis, participem das apostas. Para isso, ¨¦ necess¨¢rio adotar processos rigorosos de verifica??o. A maneira mais eficiente de garantir essa prote??o ¨¦ por meio de procedimentos de KYC (Conhe?a Seu Cliente) e verifica??o de idade. Quando um jogador se cadastra em uma plataforma, ele deve passar por uma s¨¦rie de verifica??es que asseguram que a pessoa fornecendo os dados ¨¦, de fato, a titular do cart?o de cr¨¦dito ou do documento de identidade utilizado.
? fundamental implementar m¨²ltiplas camadas de verifica??o antes que um operador aceite dep¨®sitos e, principalmente, antes que um jogador tenha permiss?o para jogar. Diversas empresas terceirizadas oferecem servi?os de verifica??o de identidade, conferindo n¨²meros de documentos, registros previdenci¨¢rios e informa??es financeiras. Al¨¦m disso, ¨¦ essencial que haja colabora??o entre provedores de servi?os financeiros, bancos, processadores de pagamento e operadores para garantir que menores de idade n?o consigam acessar essas plataformas.
Diante da aus¨ºncia de um marco regulat¨®rio centralizado na ?ndia, que melhores pr¨¢ticas de outros mercados asi¨¢ticos poderiam ajudar o pa¨ªs a estruturar sua abordagem?
Devon Dalbock: Um dos maiores desafios na ?ndia atualmente ¨¦ a distin??o entre jogos de azar e jogos de habilidade. Muitos operadores defendem que seus jogos de azar s?o, na verdade, jogos de habilidade. Portanto, o primeiro passo ¨¦ estabelecer uma defini??o clara e objetiva para essas categorias.
A ideia de ¨®rg?os autorregulat¨®rios apresenta falhas potenciais, pois algumas partes interessadas podem agir de acordo com seus pr¨®prios interesses, favorecendo determinadas empresas e prejudicando a equidade do mercado. Assim, uma abordagem mais eficaz seria a cria??o de um ¨®rg?o regulador centralizado em n¨ªvel federal.
N?o defendemos uma regulamenta??o excessivamente prescritiva, mas sim um conjunto de regras que garanta a prote??o do jogador e o jogo respons¨¢vel. Isso envolve assegurar que o jogador tenha idade legal para jogar, que n?o haja atividades il¨ªcitas como lavagem de dinheiro e que os consumidores tenham seus direitos protegidos. Por exemplo, se um jogador deposita dinheiro e o site fecha no dia seguinte, ele deve ter garantias de que n?o perder¨¢ seus fundos. Da mesma forma, se houver uma queda de conex?o durante uma partida, o jogo deve ser retomado sem preju¨ªzo ao usu¨¢rio.
Al¨¦m dos aspectos t¨¦cnicos, h¨¢ tamb¨¦m implica??es legais e fiscais. O governo deve garantir que os impostos sobre a atividade sejam devidamente arrecadados. Afinal, as apostas j¨¢ acontecem na ?ndia, mas, como muitas ocorrem em sites ilegais, os jogadores ficam desprotegidos, n?o h¨¢ medidas contra lavagem de dinheiro e o governo n?o arrecada nada com essas opera??es. Portanto, regulamentar o setor seria a solu??o ideal, permitindo que o pa¨ªs se beneficie dos tributos e que os jogadores tenham um ambiente mais seguro.
Quais tend¨ºncias emergentes no iGaming global podem influenciar o mercado indiano?
Devon Dalbock: O que me chama a aten??o no mercado indiano ¨¦ a alta penetra??o da internet e dos dispositivos m¨®veis, aliada a uma popula??o imensa. Em outros mercados, vemos a chegada de produtos tecnol¨®gicos inovadores, com forte foco no digital e no mobile. Muitos fornecedores e desenvolvedores est?o adotando uma abordagem “mobile-first”, ou seja, priorizam o lan?amento de produtos para dispositivos m¨®veis antes mesmo das vers?es para desktop.
Os jogos do tipo “crash” s?o um exemplo de produto que existe h¨¢ algum tempo, mas que continua crescendo em popularidade. Jogadores mais jovens tendem a preferir experi¨ºncias r¨¢pidas e din?micas, que ofere?am gratifica??o instant?nea, em vez das tradicionais m¨¢quinas ca?a-n¨ªqueis, que possuem ciclos de jogo mais longos. Observamos um aumento na oferta de jogos com mec?nicas mais ¨¢geis, intuitivas e acess¨ªveis, que exigem menos intera??o e oferecem divers?o imediata.
Quais s?o os planos futuros para os mercados asi¨¢tico e europeu?
Devon Dalbock: Nosso compromisso ¨¦ estar onde nossos clientes est?o, acompanhando novas jurisdi??es. Operamos exclusivamente em mercados regulamentados, e ¨¦ do nosso interesse que ?ndia e Sri Lanka desenvolvam estruturas regulat¨®rias bem definidas. Uma regulamenta??o s¨®lida fortalece a ind¨²stria e atrai investimentos. Investidores preferem mercados regulamentados, onde h¨¢ previsibilidade e seguran?a jur¨ªdica. Eles querem ter certeza de que seus investimentos est?o protegidos e que est?o operando dentro da legalidade. Isso beneficia todo o setor, desde operadores e fornecedores at¨¦ fabricantes.
Atualmente, temos dois escrit¨®rios na ?ndia, empregando cerca de 200 funcion¨¢rios. No entanto, como as exig¨ºncias de certifica??o no pa¨ªs ainda s?o limitadas, a maior parte das opera??es indianas atende mercados globais. Estamos analisando oportunidades de expans?o no sul da ?sia, especialmente no Sri Lanka. No entanto, a ?ndia continua sendo nossa principal aposta.
Tenho um grande apre?o por esse mercado. Viajo regularmente para a ?ndia h¨¢ quatro anos, fortalecendo a presen?a da GLI no pa¨ªs, dialogando com reguladores e ¨®rg?os governamentais e promovendo a conscientiza??o sobre a import?ncia de um setor de jogos regulamentado.
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