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Eurovision reacende debate sobre restrições às apostas esportivas na Alemanha
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Conforme milhões de telespectadores em toda a Europa se preparavam para a grande final do Festival de Música Eurovision, a expectativa não se resumia apenas à música. Em muitos países europeus, o entusiasmo também girava em torno das apostas — quem venceria, qual país receberia o temido “nul points” ou se um azarão surpreenderia a todos. No entanto, para o público alemão, a aposta continua fora de questão.
“Quando, com sorte, ouvirmos de novo ‘E os doze pontos vão para a Alemanha’, vindos de vários países amanhã”, começa um recente comunicado da Associação Alemã de Apostas Esportivas (DSWV), “milhões de pessoas na Alemanha, na Europa e no mundo todo estarão torcendo pelos artistas da Eurovision. Para a maioria delas, é natural poder apostar na vitória do seu favorito. Na Alemanha, porém, isso não é permitido.”
Lei ultrapassada, afirma a associação do setor
O rigoroso marco regulatório da Alemanha, determinado pelo Tratado Interestadual sobre Jogos de Azar, restringe as apostas legais exclusivamente a competições esportivas específicas. Com isso, apostar em eventos populares não esportivos, como o Festival de Música Eurovision, o Oscar ou até mesmo a eleição papal, é proibido — mesmo com todo o interesse do público. Essa limitação tem gerado críticas crescentes de que as regras estão desconectadas da realidade atual do entretenimento.
“Isso mostra que, em muitos aspectos, a regulamentação alemã não reflete o cotidiano das pessoas”, argumenta a DSWV. A associação observa que, em países como o Reino Unido, é perfeitamente legal apostar em uma ampla variedade de eventos sociais e culturais. Já na Alemanha, a legislação ainda traça uma linha rígida entre apostas esportivas e apostas em outros tipos de eventos.
Ironia das ironias, os próprios eventos como o Eurovision — proibidos para operadores licenciados na Alemanha — são amplamente discutidos em termos de probabilidades e odds. “O público alemão fala cada vez mais sobre as cotações dos sites de apostas”, observa a DSWV. “A mídia e os comentaristas adoram citar essas odds quando se trata de favoritos e azarões em eventos culturais e de grande repercussão.” Ao fazerem isso, acabam estimulando, mesmo que involuntariamente, a demanda por exatamente o tipo de aposta que só pode ser feita com operadores não licenciados — e muitas vezes inseguros.
Mercado ilegal ocupa o vácuo
“As consequências são previsíveis”, alerta a associação. “Usuários interessados acabarão migrando inevitavelmente para provedores ilegais, onde não há garantias de proteção ao consumidor nem mecanismos eficazes de prevenção ao jogo problemático.” Para a DSWV, a solução é evidente: legalizar as apostas em eventos para que fiquem sob o guarda-chuva da regulamentação oficial.
O também destaca problemas mais amplos no sistema atual. Mesmo no universo esportivo — supostamente o único onde as apostas são permitidas —, as restrições são expressivas. “Comparado ao Reino Unido, por exemplo, apenas cerca de 35% dos esportes e 13% das competições são elegíveis para apostas na Alemanha”, aponta a DSWV. Isso inclui limitações severas às apostas ao vivo, que representam uma fatia significativa do mercado em muitas outras jurisdições.
Reforma legal pode beneficiar a todos
Segundo a DSWV, ampliar o escopo das apostas legais poderia cumprir múltiplos objetivos: atender à demanda do consumidor, fortalecer a proteção ao jogador e enfraquecer o mercado ilegal. “Uma oferta transparente e regulamentada de apostas em eventos culturais e sociais, além de uma gama mais ampla de opções em esportes e competições esportivas, afastará os operadores ilegais a longo prazo e, ao mesmo tempo, aumentará a arrecadação de impostos”, conclui o comunicado.
Com os holofotes voltados para o Eurovision, a DSWV espera que esse evento cultural anual vá além do entretenimento — e ajude a modernizar a abordagem da Alemanha em relação às apostas.
